O desafio era inusitado: percorrer Angola, de Luanda ao Namibe, sentir África, acampar no deserto.
Como um turbilhão, cá dentro, irromperam os apelos míticos, as seduções telúricas da Mãe África, os desejos de aventuras de deserto.
E foi…
Foi bem e foi bom.
Foram as longas rectas a perder de vista, os quilómetros e quilómetros de picadas esburacadas a ziguezaguear, com a viatura a baloiçar como um berço agitado. Foram os longos horizontes de eternidade majestosa. Foram as imensas paisagens de verdes a rivalizar na cor. Foram os imbondeiros como estátuas na paisagem de donzelas de braços erguidos a esticar os cabelos. Foram as montanhas a ampliar a grandiosidade. Foram as chuvadas a lavar cansaços.
Foi o deserto a aproximar-se e o verde a reduzir, a reduzir na forma e na cor, como fugindo.
E foi o deserto: a surpresa, o contraste, o espanto, a grandiosidade, a variedade de belo, a diferença, a pujança de vida.
E foi o ser solidário nos momentos bons e nos menos bons e o confrontar territórios pessoais. O partilhar do petisco, o comungar da beleza e dos êxtases, o saborear as piadas e as graças, o aguentar a espera, o suportar o azar, o estar disponível. Foi a meninada à volta da fogueira e o canto na noite do deserto. Foi à frente do carro, com o sinal de trânsito masculino proibido. Foi parar os carros e eles a comerem. Foi o gelo que não aparece e o gin a aquecer e os outros a esperar. Foi a bejeca que não chega e os outros a esperar. Foi a caravana que não arranca e os outros a esperar. Foi a noite a contar estrelas e o reboque que não sai. Foi outra noite os mesmos a acabar a conta das estrelas e o reboque que nunca mais chega. Foram os furos sem mais pneus.
Foi um banho de imersão na verdadeira África. Foi o deixar o caos, a confusão e a insegurança em Luanda e pendurar-se no lenço às costas da Mãe África.
Foi o ser “àmigo” sem saber que o era. Foram as aldeias de palhotas, onde plantas, gentes e bichos partilham a natureza ao mesmo nível. Foi a simpatia tranquila. Foram os mucubais, que ainda as trocam por bois. Foram as mumuílas de encantar. Foi a fruta na estrada, foi a elegância da gazela, o garbo da tua real e a humildade do punja.
Foi…
Foi a outra face do trabalho.
Foi saber que gente feliz trabalha mais e melhor
Manuel Relvas
Como um turbilhão, cá dentro, irromperam os apelos míticos, as seduções telúricas da Mãe África, os desejos de aventuras de deserto.
E foi…
Foi bem e foi bom.
Foram as longas rectas a perder de vista, os quilómetros e quilómetros de picadas esburacadas a ziguezaguear, com a viatura a baloiçar como um berço agitado. Foram os longos horizontes de eternidade majestosa. Foram as imensas paisagens de verdes a rivalizar na cor. Foram os imbondeiros como estátuas na paisagem de donzelas de braços erguidos a esticar os cabelos. Foram as montanhas a ampliar a grandiosidade. Foram as chuvadas a lavar cansaços.
Foi o deserto a aproximar-se e o verde a reduzir, a reduzir na forma e na cor, como fugindo.
E foi o deserto: a surpresa, o contraste, o espanto, a grandiosidade, a variedade de belo, a diferença, a pujança de vida.
E foi o ser solidário nos momentos bons e nos menos bons e o confrontar territórios pessoais. O partilhar do petisco, o comungar da beleza e dos êxtases, o saborear as piadas e as graças, o aguentar a espera, o suportar o azar, o estar disponível. Foi a meninada à volta da fogueira e o canto na noite do deserto. Foi à frente do carro, com o sinal de trânsito masculino proibido. Foi parar os carros e eles a comerem. Foi o gelo que não aparece e o gin a aquecer e os outros a esperar. Foi a bejeca que não chega e os outros a esperar. Foi a caravana que não arranca e os outros a esperar. Foi a noite a contar estrelas e o reboque que não sai. Foi outra noite os mesmos a acabar a conta das estrelas e o reboque que nunca mais chega. Foram os furos sem mais pneus.
Foi um banho de imersão na verdadeira África. Foi o deixar o caos, a confusão e a insegurança em Luanda e pendurar-se no lenço às costas da Mãe África.
Foi o ser “àmigo” sem saber que o era. Foram as aldeias de palhotas, onde plantas, gentes e bichos partilham a natureza ao mesmo nível. Foi a simpatia tranquila. Foram os mucubais, que ainda as trocam por bois. Foram as mumuílas de encantar. Foi a fruta na estrada, foi a elegância da gazela, o garbo da tua real e a humildade do punja.
Foi…
Foi a outra face do trabalho.
Foi saber que gente feliz trabalha mais e melhor
Manuel Relvas
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